Bom, passada toda a emoção desse momento incrível vivido pelo Brasil, em especial pelo meu querido Rio de Janeiro, na JMJ 2013, chega a hora de fazermos algumas reflexões. O que aprendemos? O que ensinamos? Quem conhecemos? Nos deixamos conhecer? Tivemos bons hóspedes? Fomos bons anfitriões? São perguntas que agora temos que fazer e tentaremos responder nesse artigo.
Essa foi uma oportunidade única de aprendizado, no tocante a convivência, partilha, vontade, fé e irmandade. Aqueles que assim como eu e minha esposa acolheram irmãos de diversas nacionalidades (em nosso caso argentinos), puderam vivenciar essa experiência magnífica de grande valor espiritual agregado. Foi um aprendizado sem igual para nós. Pudemos sentir o quão fácil é ser um pouquinho generoso, carinhoso, deixar discussões bobas de lado, tratar um estrangeiro como se fosse da família. É tão fácil, mas que nosso dia a dia viciante e alucinante nos encobre a visão e abafa nossa sensibilidade, não nos permitindo dar vazão a toda essa sensação maravilhosa. Cabe a nós absorver essa lição e solidificar daqui para frente essa postura tão prazeirosa para nós e para nossos irmãos.
Por outro lado, ensinamos de maneira prática que, não é necessário luxo nem riqueza, nem mansões, nem bairros nobres para receber bem um irmão. O que importa é ter amor e respeito no coração pelo próximo, mesmo sendo o próximo de lugares distantes.
Como disse antes, em nossa comunidade recebemos argentinos, e em nossa casa uma argentina chamada Yamila. Passamos menos de uma semana convivendo em família, porém foram dias abençoados, de paz, alegria, família unida como fazia tempo não se via. Nenhuma discussão, mas muitas demonstrações naturais e até improváveis de generosidade surgindo no decorrer desse período, tanto de minha parte quanto de minha esposa. Yamila, com seu jeito simples, responsável, correto de ser, permitiu que eu, minha esposa e minha filha sentíssemos no fundo de nossos corações a grandeza e o verdadeiro significado de ser família. É impressionante! Uma jovem veio da Argentina para catalizar esse sentimento puro de família, como se pegasse as mãos de nós três e as unisse. Só faltou dizer "sejam sempre assim, essa é sua força". Agradecemos a Deus por nos ter enviado Yamila! E te agradecemos, Yami, pelo elo sagrado de ligação que você representou para nossas vidas.
Por outro lado, buscamos ao máximo mostrar a Yami e aos outros irmãos argentinos nosso jeito de ser. Fizemos o nosso melhor, ainda que depois de tudo, tenhamos a impressão de que poderíamos ter feito mais. Talvez sim, não sei ao certo. Pode até não ter sido o suficiente, mas fizemos de coração. Tentamos mostrar nossas maneiras, nossos hábitos, nossa descontração, enfim, tudo o que foi possível compartilhar em apenas uma semana. Queria até aproveitar e revelar uma coisa: minha esposa pediu para ver a lista com os nomes dos peregrinos da Argentina antes deles chegarem, para escolher alguém para nossa casa. Antes de escolher, ela fez uma oração a Deus para que Ele guiasse sua escolha. E como um anjo, veio Yami!!! Por isso nos esforçamos ao máximo para retribuir essa dádiva divina.
Todas as famílias que acolheram os peregrinos, se fizerem uma análise bem detalhada dessa vivência, com certeza chegarão a mesma conclusão que nós. Com certeza vivenciaram momentos abençoados nesse convívio. Deus colocou cada um em cada casa, também como anjos, com um propósito, de acordo com a realidade de cada família, para proporcionar a transformação certa, na medida certa. Essa foi uma das maiores lições dessa JMJ 2013. E aos peregrinos deixo um recado: lembrem-se sempre de toda a acolhida que tiveram em nossa terra. E não é para retribuir a nós um dia. Não! Nós agora vocês já conhecem. A grande retribuição deve ser dada a outros estrangeiros, em outras jornadas, outras peregrinações. Essa é a verdadeira corrente do bem que não deve ter fim.
Mas... como tudo o que é bom dura pouco... passou. Yamila se foi. Os outros irmãos argentinos se foram. Se foram para a JMJ no meu Rio de Janeiro. Eles e milhares de irmãos de outras nacionalidades.
Quero também destacar a força, a vontade, a incansável e interminável dedicação de nossos irmãos voluntários da comunidade do Jardim Álamo. Acompanharam cada momento dos peregrinos conosco. Organizaram e coordenaram sua passagem por nossa comunidade, sem esmorecer em momento algum. Vocês são verdadeiros guerreiros da fé!
Que fiquem essas lições dessa JMJ 2013. Que façamos valer a pena todo esse esforço e também toda essa saudade que nos acompanha agora. Mas é uma sensação boa de dever cumprido. Agora, voltemos nós e nossos "hermanos" para nossas casas, nossas rotinas, nossas vidas, mas aplicando e praticando tudo o que aprendemos nesses maravilhosos e inesquecíveis dias. Nossos antigos e novos problemas continuarão aparecendo? Sim, é claro! A vida é assim. Mas hoje sabemos que podemos fazer diferente quando eles quiserem tomar conta de nossos corações. Provamos isso! E somente agindo assim é que poderemos ter a certeza que valeu a pena. Quero aproveitar e dizer para minha esposa: Rê te amo muito! Obrigado por existir em minha vida. Anna Júlia, minha querida filha, meu bem mais precioso, te amo muito. Eis minha família, pela qual agradeço a Deus todos os dias. E que Deus nos abençoe, nos guie e nos guarde para sempre, amém!